sexta-feira, 19 de outubro de 2012

"eu prefiro seeeeerrrr, essa metamorfose ambulante"

Fazem dias que estou gerando um post sobre mudar.
Nada muito específico, por isso a dificuldade de colocar no "papel".

Eu mudo de ideia. O tempo todo.
Como mãe então!!! não consigo ser nem fazer diferente. Não sou a mesma mãe pra Alice bebê que fui com o Lorenzo bebê! quem eu to querendo enganar, não sou agora a mesma mãe pra eles que fui 1 mês atrás!!

Tenho mil escolhas que faria diferente, tem outras mil que me orgulho pra caramba, e essa é a minha história. 

Se a Daniela de hoje voltasse no tempo e encontrasse a Daniela mãe do Lorenzo com 8 meses (passado o desmaio do choque de me ver na minha frente) elas certamente se pegariam no pau nervoso. Rolariam no chão, puxariam os próprios cabelos, palavras de baixo escalão seriam ouvidas, e depois as duas se abraçariam, chorariam, chegariam a conclusão de que na verdade não sabem de nada e voltariam a discutir se iriam tomar um chimarrão ou um chá inglês.

Eu voltei a trabalhar quando o Lo tinha 40 dias. Hoje passo o dia com a preta.
Lorenzo não dava um resmungo sequer sem alguém checar se ele estava bem. Alice não fica chorando, mas esperar um pouco não custa nada certo?

Já pensou essas duas mães tentando chegar a um acordo?
A realidade é que ser diferente é ótimo.
Já pensou se todas as família criassem os filhos iguais? 
Teríamos adultos em série, ou bons em esporte já que só brincavam na rua, ou gênios da informática que passavam horas na frente de uma tela. 

Já fui mais radical quanto a televisão. Lorenzo ja passou DIAS sem poder assistir um desenho. Hoje depois da escola tem seu momento de pernas para o ar. 
Já fui menos radical quanto a alimentação: teve uma época que bolachas recheadas eram comidas diariamente, hoje nem compramos mais. 
Fiz uma cesárea, fiz um parto normal.
Mudei de ideia.

eles são lindos, bonitos e não deixam a mãe ter certeza de nada. 


Com relação a filhos, muita gente passa a impressão de que tem todo o plano pronto. "Meus filhos farão isso nessa hora, depois vai acontecer assim, e depois assim" deixando a meu ver, uma fenda enorme para a frustração entrar.
Eu decidi amamentar o Lo por 6 meses e depois introduzir a comida e parar de amamentar. Aconteceu que ele não aceitou NADINHA e acabou mamando por uma eternidade.
Eu decidi que já que amamentei um tempão e foi bacana, Alice poderia ser amamentada por um tempão também. Acontece que ela AMA comer e fica numa boa sem o peito durante o dia.
Se eu fosse resistente a mudanças, estaria perdida!

O que não muda é que a criançada vem com um chip de fábrica dizendo pra fazer tudo diferente do que os malucos que elas chamam de pais acham que elas vão fazer.

Quem precisa de certezas.
E de ter a velha opinião formada sobre elas. 





domingo, 7 de outubro de 2012

Raymond, o chinês.

雷蒙
raymond


"hoje no karatê eu conheci um chinês que se chamava Raymond..."

Assim começou a frase do Bernardo. Na hora explodi rindo.

Ele conhece ao todo 3 chineses por essas bandas: Raymond, Ryan e Jeffrey!!!

Certamente esses não são os nomes deles, rolando por aqui a discussão: é "certo" abdicar do próprio nome para facilitar a vida em um país diferente?

Ber defende que sim. Que pra não perder tempo explicando e corrigindo todo momento, eles fazem bem em adaptar, se adaptar, aos padrões ingleses. Eu não acho.

Não sabemos se é uma coisa cultural, se é opcão individual e aconteceu de por acaso ficarmos conhecendo os únicos chineses/ingleses de Norwich ou se é a universidade que recomenda que eles façam a troca, mas não interessa, acho que qualquer uma das opções é complicada.

Nome é identidade. É como tu apresenta ao mundo. É parte da tua cultura, do teu país de origem.

Prefiro acreditar que não seja uma orientação da universidade, pois caso seja, acho preocupante.

Nos último tempos, o Reino Unido tem dificultado a entrada de estrangeiros no país, com a desculpa da conhecida crise econômica. Os estrangeiros que são aceitos (nós!) passam cada vez mais problemas e exigências absurdas feitas pelo governo. Tipo assim: nós te aceitamos, mas faremos a tua vida difícil para que tu não queira ficar por aqui.

Abrir mão do próprio nome, ao meu ver, diz para eles: vocês estão certos, esse é o único meio de se viver, por favor não me mande embora, quando na verdade manter o próprio nome pode ser dizer: "nossa, esse país é legal, ele só tem a ganhar com o que eu posso oferecer"

Para mim, morar em um lugar diferente acrescenta tanto para o estrangeiro quanto para o nativo, pois a riqueza está justamente na troca.  Que vai da aceitação a mulher coberta pela burca, ao respeito de aprender e pronunciar o nome do colega, seja ele qual for. 

Na nossa comunidade de mil culturas, fizemos questão de pronunciar o nome das pessoas na língua a qual elas pertencem, não só por respeito, mas por diversão também! Quantas chances temos na vida de numa tarde (hoje) ter na rua brincando: 1 brasileiro, 1 nijeriana, 2 canadenses, 1 francês, 1 português, 1 Italiano e 1 inglês?  bora chamar a criançada pelos seus nomes certos e valorizar o mundo de onde eles vieram. Difícil? enrola a língua pra chamar o brasileiro, faz beicinho para o francês, capricha na entonação com o italiano que tudo da certo.

Acredito que boa parte da troca se perde ao chamar um chinês de Raymond, seja por qual motivo for. 
O mundo tem um tantão de coisas bacanas (e diferentes) espalhadas por aí. Por mais impronunciável que seja, vale o esforço do respeito a identidade do outro. E que se for impossível, as risadas estão aí para fazer todo mundo se entender.

Porque "todo mundo é igual" é uma mentira do caramba. 

Ainda bem.


sábado, 6 de outubro de 2012

"agora na pareeeeede"

Muito tem se falado ultimamente sobre consumismo infantil. Com a proximidade do dia das crianças a discussão toma proporções maiores e fiquei refletindo em cima disso.

Lorenzo é umas crianças menos consumistas que conheço. Poucas vezes ele quis muito um brinquedo ou alguma coisa. 
Natal passado ele esperou ansiosamente por um arco e flecha e pela caverna do Batman, que o papai noel trouxe fazendo a alegria dele, mas se não tivesse ganho, tudo estaria bem também.

Não vou dizer que a cena clássica da criança chorando na loja de brinquedos nunca aconteceu, porque claro que já passamos por isso, mas na grande maioria das vezes ele se contenta em olhar e ir embora.

Ele tem muitos brinquedos. Não fazemos parte do time que não apoia que a criança ganhe presentes, ele tem avós, tias, tios, dindos, que sempre enviam brinquedos em aniversário, natal e dia das crianças. Mesmo aqui, onde não se comemora, fazemos questão de celebrar o  dia das crianças com um bolinho e um passeio diferente, pois acreditamos que é legal as crianças terem um dia especial só delas.

Nós nunca fomos de comprar presentes "fora de época". Salvo um mini figure Lego, ou um livro, ele sabe que brinquedos existem datas para serem ganhos, por isso valoriza tanto quando consegue juntar umas moedas no seu cofrinho e comprar "com o dinheiro dele".

Muito desse não consumismo eu relaciono a "televisão controlada" que temos por aqui. Televisão na verdade é modo de dizer, porque a muitos anos ele não assiste TV aberta, somente o que baixamos pela internet, levando de brinde zero comerciais.
A diferença disso percebi na nossa temporada no Brasil, onde ele assitiu muito discovery kids. 
Ele voltou sabendo todas as músicas, decorando toda as falas e sabendo onde comprar cada brinquedo. Ficou dias com "agooorrraaaa na pareeeedddeee" de uma pista de carros que fica grudada na parede, e com o musiquinha de uma restaurante onde servem porções infantis.
Até agora, 1 mês depois, as vezes vejo ele assoviando a tal música, numa lavagem cerebral impressionante.

A BBC, canal público inglês (como a TV cultura no brasil) é proibida de passar comerciais, salvo de seus próprios programas. Toda a programação é educativa. Obviamente, os programas possuem produtos associados, como o Mister Maker, que tem canetinhas e kits de artes, mas na BBC não aparecem esses produtos. 

Agora com o dia das crianças chegando (e os presentes também) já começamos a fazer uma seleção de brinquedos que ele quer passar adiante para que outras crianças possam aproveitar também aquilo que ele gostava. 

Nós gostamos de presentear ele com coisas que sabemos que irão durar mais do que alguns minutos e animação. Provavelmente por aqui, ele terá quebra cabeças, jogos de grupo e acessórios de desenhos, que ele tem curtindo muito ultimamente.

Fica minha campanha, se não for contra o consumismo, é pelo menos de um consumismo mais consciente. 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

"tempo, tempo, tempo mano velho..."

Cof cof cof, bora tirar a poeira do blog que faz tempo.

Voltamos das férias com tudo diferente por aqui.
Novos horários, novas aulas, novos amigos.

Estou estudando em um centro Musicoterápico em Londres, realizando um sonho que iniciou antes mesmo da faculdade.

Minha volta aos estudos mudou bastante nossa rotina, bagunçando umas coisas e acertando outras.

Lo tá naquela vida "difícil" de moleque. Seja da escola, pega a bike, encontra os outros moleques e ficam tocando horror brincando até alguém se machucar ou uma mãe chamar, o que acontecer primeiro.

Alice tá uma gatona, comendo de tudo, quase quase engatinhando e se mostrando uma bagunceira de primeira IGUAL ao irmão. Ontem mesmo estavam os dois brigando (sim, verdade) no tapete, porque ele tentava montar um quebra-cabeça e ela tentava pegar as peças e colocar na boca. Ele tirava dela, que respondia com gritos histéricos batendo as mãos furiosamente no chão (!!!!!!)

O frio ta chegando

De um dia pro outro acabou o verão e o outono se instalou. Durante o dia temos máximas de 13 ou 14 e as noites podem ser bem chatinhas. Hoje o vento estava daqueles de cortar a cara. Para o Lorenzo foi o dia de colocar um moleton, porque só assim ele sente frio.

Em breve a família viajante perderá carrinhos, terá crianças semi-vestidas e cocôs explosivos em outros cantos do mundo, ou não, já que tudo haverá de dar certo, as crianças não enlouqueceram e não passaremos vergonha por aí.

Ha Ha. Nem eu acreditei nessa.