sábado, 19 de novembro de 2011

Da arte de peitar suas escolhas....

sim, eu deixei ele sem meia com 8 graus. Porque, vai encarar?


Esse é um assunto que vem permeando minha cabeça já algum tempo. As escolhas que fazemos, as consequencias que elas trazem e como peitar e defender (ou nao) elas todos os dias.
Amamentação prolongada, diminuição da carga horária depois do nascimento do pequeno, fechar a casa e mudar de país deixando tudo pra trás, escolhas, escolhas escolhas....
Aqui nesse meio multi cultural (e multi um monte de coisas) nunca minhas escolhas foram tão
"jogadas" na minha cara.
Aqui, conheci pessoas (e elas me conheceram) como a mãe do Lorenzo, a esposa do Bernardo, a mulher que não trabalha. Já ouvi que mulheres que tem carreira não conseguem manter um casamento, que lugar de mulher é mesmo em casa e por aí vai.... minha escolha de passar esse tempo com eles, é simplesmente desconhecida por essas pessoas. Elas não sabem que comecei a trabalhar muito antes dos meus amigos, que fiz graduação/pós-graduação e muito trabalho no meio disso tudo. Preciso diariamente peitar minha decisão dessas pessoas me conhecerem como dona de casa.
Desfilando com esse barrigão, preciso todos os dias respirar fundo e não sair justificando para os ingleses que não estou tendo filhos as custas do governo. Que não ganhamos nada de benefícios, só "o da dúvida"mesmo.
Mas tudo isso pra introduzir, que o que andamos discutindo por aqui é as escolhas que fazemos todos os dias com relação a educação do Lorenzo.
Ele só não foi amamentado por quase 3 anos, como mamava a hora que queria, contrariando a nova corrente que diz que bebês são "tiranos" mesmo com 20 dias de vida. Ele ganhava colo, tinha pais a disposição dele 24 horas, e muuuuuito mimo. É magro que nem uma vara, mas sigo acreditando que é melhor assim do que entupir ele de bolacha recheada e calorias vazias. E agora o mais importante: em 4 anos anos ele não foi educado para obedecer as pessoas, e sim respeitar as pessoas. Ele é um menino questionador, não para de falar, e a frase "isso é assunto de adulto, não te mete" nunca saiu da nossa boca. Ele conversa com outros adultos o tempo inteiro, quer mostrar, contar, perguntar, indagar e quando não é ouvido, chama atenção mesmo. Nós ensinamos que a opinião dele importa sim, e quando vemos outros adultos desmerecem ou simplesmente ignorarem aquilo que diariamente ensinamos a ele, a corda aperta. E aí entra o "peitar" a coisa. Sim, ele vai te responder se achar que está sendo injustiçado. Sim, ele não para de falar e tudo quer saber porque, porque não aceita ordens injustificadas. Sim, ele se mete na conversa por achar que tem algo a acrescentar, e nós sempre escutamos, por decidimos que mesmo dando trabalho, e as vezes sendo chato, é isso que queremos ensinar para o nosso filho, ele importa.
Aqui como as pessoas tem filhos as pencas (ou pode ser só desculpa mesmo), o ideal é aquela criança "múmia"que brinca sozinha, se vira desde os 2 anos, não chora por nada, (nem sorri por qualquer coisa). Aquela criança que não "atrapalha".
Na escola ele se destaca, e não só por ser o único pretinho da turma, mas também pela criatividade e iniciativa nas coisas.
Esses dias quando fui busca-lo fiquei observando pela janela. A cada 3 palavras da professora ele levantava a mão pra perguntar algo, enquanto os outros ficavam quietos ouvindo. Em 5 minutos, ele levantou a mão 3 vezes. As mães que estavam junto ali, olhavam pra mim e sorriam.... não falaram nada, e nem precisava. Elas podiam achar o que quisessem, mas eu estava orgulhosa do grilo falante. Curioso e interessado.
Ele tem 4 anos, e lê várias palavras, monta quebra cabeças enormes, e nem vou falar das minhas paredes de lego e das suas naves espaciais. Canta o tempo todo, é a criança mais sorridente e afetiva da Inglaterra, provavelmente o melhor irmão mais velho, e advogado da mamãe como ninguém.
Imagino que daqui pra frente, cada vez mais essas escolhas venham nos cobrar seu "aval". Porque ele não é o que se espera aqui, uma "criança fácil". Exige todos os dias aquela "respirada fundo" e a retomada dessas escolhas como sendo a certa para nós.
Porque peitar uma escolha temporária não é nada perto de peitar os "porques" de um menino inteligente de 4 anos.

4 comentários:

  1. Admiráveis escolhas..
    Parabéns, meus amigos, pela excelente educação que vcs estão dando..
    Bjão!

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  2. É isso aí minha garota. Aprendeu direitinho o que nós ensinamos. Parabens. Mesmo que hoje, muitas vezes "eu provo do próprio veneno" . Tenho a mais absoluta certeza, que voces estão fazendo o melhor, (que sacrifício dizer isso).hehe. O Lo e a Alice só tem a ganhar. Boa sorte.
    bjim

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  3. Dani, que texto lindo! =) Acredito muito nesse tipo de educação que voces tão dando para o Lô (e para Alice em breve...). Pode dar mais trabalho, mas não é a toa que ele se destaca como uma criança esperta e feliz! Beijossss querida!

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  4. Obrigada Dani, por escrever! *ja que eu sou uma "nao-blogueira" que comeca e nao leva em frente nenhum blog... rs. Mas que vejo tanto a importancia de encontrar artigos, desabafos e GENTES da verdade que passam pelo que eu passo, acreditam no que acredito.... AMEI DEMAIS esta postagem e nisso acho que estou bem junto com as escolhas de voces... Chorei (pra variar) lendo aqui... Sou cada dia mais apaixonada tambem pelo meu "irmao mais velho aqui" e sei que dar amor inesgotavelmente pra ele so' fara bem... Que bom que seu blog existe! hehe. Beijocas! ;)

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