quinta-feira, 12 de julho de 2012

A gente nasce, cresce, se reproduz e pula do aquario no meio da noite.

O projeto desses últimos meses na escola do Lorenzo foi o ciclo de vida de alguns animais. Eles começaram com girinos. Por toda a sala tinha espalhado desenhos de sapos, colagens de ovos, e cada dia ele vinha contando uma coisa diferentes a respeito do tadpole. Pouco mais tarde, no centro da sala tinha um áquario com os ovinhos que aos poucos começaram a se transformar em pequenos e nojentos girinos. Alegria da criançada que acompanharam de perto os gelatinosos ganhando patas e rabinhos. Logo depois tiveram um recesso de 1 semana, e na volta quando perguntei como estava os girinos, veio a resposta dele: eles cresceram todos e pularam pra fora do aquário durante a noite deixando ele vazio. "ahhhhhhh bom" respondemos pra ele. Não sei de todo mundo, mas a maioria das pessoas teve um cachorro, um gato, um passarinho, um hamster (oi irmã!) que foi para um sítio lindo e cheio de espaço para correr, conhecido pelos pais como lixão. Quando viemos pra cá, deixamos nossa gata com a Tata, que cuidava do Lo em Porto Alegre. ele muito esperou para reencontrar a felina, mas um mês antes da nossa visita no ano passado, ela partiu dessa pra melhor (ou pra pior dependendo de cada um). O que dizer para uma criança que mudou de casa, pais, de língua, que deixou amigos e avós em outro lugar? mentir descaradamente ou respirar fundo, encarar a vida como um ciclo eterno de perdas e ganhos e ser honesto com o pequeno? Optamos sem o menor remorso pela primeira opção: Lua está em um sítio grande correndo com outros gatos e sendo feliz. É nesse espaço que Lorenzo em 2025 lendo as aventuras da própria família na Inglaterra láaaaa nos idos 2012 descobre que na verdade a gata morreu. Desculpa filho, achamos que seria uma perda muito dolorida e desnecessária naquela etapa da tua vida ;) Continuando. Não sei de onde ele tirou essa história dos girinos. Acho pouco provável que a professora tenha inventado essa. Provavelmente ele chegou na sala, não viu o aquário e completou a história com as probabilidades possíveis. Aos poucos nós introduzimos o assunto morte com ele. Quando passamos por cemitérios ele acha curioso e aponta: ali tem um monte de gente que morreu. Mas tenho cereza que não faz muita ideia do que significa, porque ainda bem, não tem experiêcias marcantes com relação a isso. A sala continua cheia de animais. No momento tem uma chocadeira com uns 10 ovos e 5 corajosos e bravos pintinhos recém nascidos em um pequeno viveiro improvisado pela maravilhosa professora no meio da sala. As crianças chegam e vão direto ver se nasceu mais algum, se estão caminhando, se estão "flufinhos" (no ingles aportuguesado do Lorenzo) e todo querem pegar (e apertar) os coitados. No outro canto um viveiro começa a ficar colorido, com borboletas saindo de dentro de seus casulos, depois de cada criança receber a sua lagarta e observar a mudança. Tomara que os pintinhos sobrevivam a 25 crianças curiosas e as borboletas durem mais de 24 horas. Se bem que o Lorenzo jura que ontem um pintinho estava tentando voar, mas não saía do lugar. Quem sabe se tudo mais der errado eles não voem todos juntos para um país onde existe verão e vão caçar minhocas em um lindo campo de flores. Ele ainda tem muito tempo pra aprender e tentar entender que não é bem assim que a coisa funciona. Enquanto isso a gente vai colorindo a história.

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