Quem me acompanha pelo face, semana passada ficou sabendo que a volta da família para a Brasil está agendada. Na metade de agosto estarei desembarcando com as crias enquanto Bernardo finaliza seu livro e dá um pulinho ali em Tóquio a trabalho.
Com a passagem na mão a urgência da volta se fez presente e tudo voltou a bagunça original. A casa, as cabeças e o coração.
Viajar leve é privilégio de quem não tem filhos.
Filhos trazem com eles, tralhas (muitas), brinquedos, pecinhas, desenhos, rabisco, primeiras experiências e memórias. Principalmente memórias.
Estou naquela infernal fase de resumir a vida de 4 pessoas em poucas malas.
E M P O U C A S M A L A S
Se fosse uma questão de catar roupas, livros e acessórios, faria tudo em 10 dias. Mas não, eu tenho filhos.
Tenho o caminhão gigante dado pelo tio que salvou a sanidade do pequeno enquanto a casa em Porto Alegre era desmontada. Tenho as ferramentas que foram dadas pelo dindo quando ele tinha 1 ano e meio e agora Alice usa a furadeira e se mata de rir. Tenho o cachorrinho que deve ter custado 1 libra, mas que foi e voltou em todas as viagens, e que esquecido no Brasil, custou 100 reais para voltar aos braços do menino com saudade...e papéis. Muitos papéis.
Seria ótimo se fossem rabiscos insignificantes. Mas é o desenho da nossa família quando eu tava grávida. É o desenho de Paris. É o desenho da nossa família depois que Alice nasceu. É a coroa (gigante) feita por nós 4 no dia da família na escola em homenagem ao Jubileu da Rainha. É a primeira palavra que ele escreveu. A primeira história. A primeira vez que interpretou um texto em forma de arte, a primeira atividade que fizemos em um museu em terras inglesas, testes de gravidez, borrões que são chamados de ecografias, pulserinhas de recém nascido.....e segue infinitamente.
Como selecionar memórias quando o espaço é mínimo e o coração quer guardar tudo para não esquecer de nada pela estrada?
Estamos felizes de voltar. Estamos chateados de voltar. Tudo junto ao mesmo tempo. Porque simplicidade emocional é para os fracos :)
Mas esse exercício de desapego...
Hoje sentei no chão e comecei. Vi os desenhos, lembrei quando foram feitos, separei alguns que precisam fazer parte da história deles (e nossa) e o resto joguei nessa caixa da foto. Ainda não estão no lixo pois parei o que estava fazendo para vir escrever e ganhar um tempinho.... agora vou dar para o Ber olhar também e depois seguir o curso.
Tenho certeza que a volta será ótima. Que uma vida nova nos espera cheia de aventura, amor, festas em família e espaços vazios esperando serem preenchidos por novos papéis e memórias.
Até chegar a hora deles serem esvaziados de novo.
Ou não.
"Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...
Daniela:
ResponderExcluirO Gabriel me falou que existe na França um serviço dos correios que é muito barato para envio de livros/documentos. Será que não tem aí?
Boa sorte e abs,
Irene Szyszka
ResponderExcluirSEM COMENTARIOS... (vovó R)
lindo lindo lindo! Como sempre!
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