segunda-feira, 18 de junho de 2012

Sempre marchando!

Pra quem não sabe: 2 finais de semana atrás saiu uma reportagem no fantástico sobre parto em casa, causando grande repercussão nacional. O conselho do Rio de Janeiro de obstetrícia solicitou a investigação do  médico que apoiava o parto, já que ele "não deveria fazer isso". 
A consequência: milhares de mulheres se organizaram contra esse pronunciamento do conselho e foram as ruas nesse último final de semana, na "marcha pelo parto em casa"
Não pari em casa. Na verdade, não tenho culhões pra isso, não me sentira segura o suficiente para encarar, mas de maneira nenhuma acredito que tenho o direito de dizer para outras mulheres não o fazerem.
Conversando com a minha mãe, percebi que as pessoas ainda acham que parto em casa é aquilo: "traga as toalhas, preciso de água quente, mais toalhas por favor!!!" quando na verdade, um parto domiciliar é assistido por médico, enfermeira, doula e pediatra! a obstetriz leva oxigênio caso bebê ou mãe precisem, todos os instrumentos são esterilizados e existe uma lista gigante de motivos que poderia fazer a equipe mudar de ideia e imediatamente ir para o hospital. E o fator que sempre as pessoas deixam de lado: quem nesse mundo quer mais que aquele bebê nasça saudável? a mãe meu povo!!! a mulher que escolheu parir em casa, se informou, leu, ouviu, decidiu, pagou e mais um monte de coisa! ela não é uma louca/bruxa/comedora de placenta e mais tantos outros apelidos designados a essas mulheres.
Fiquei pensando em quantas marchas encaramos durante a vida Quantas vezes precisamos reafirmar nossas decisões perante outras pessoas, outros profissionais, as vezes até perante nossa família.
Esses grandes assuntos que permeiam as polêmicas : aborto, amamentação prolongada, cesárea, parto natural, cama compartilhada, todo mundo e digo TODO MUNDO MESMO tem suas próprias opiniões a respeito, agora a sair atacando quem pensa diferente... alo gente, século 21 ta lembrado?
Todos temos direito de não concordar também. O que serve pra um não serve pra outro. Não concordar tudo bem, agora não respeitar?
Eu passei por duas perdas gestacionais ridicularmente dolorosas.  O processo todo é doído fisicamente e psicologicamente, e agora me perguntem, sou contra o aborto? Não, não sou. Eu não faria, mas respeito quem o faça. Acredito do fundo do coração que ninguém nesse mundo de meu deus tem o direito de dizer e julgar ações que só dizem direito aquela família. E os direitos do bebê que ainda não nasceu vocês me perguntam... e os direitos daquela mulher que simplesmente não pode ou não quer ser mãe naquele momento eu pergunto a vocês.
Essa marcha, mais do que parir em casa, diz respeito a escolhas. 
Eu escolhi uma cesárea, amamentar por quase 3 anos, não fazer cama compartilhada, ser uma mãe que controla a tv mas não tem problemas em liberar umas bolachas recheadas. Depois mudei de ideia e escolhi um parto natural, com música, cócoras e luz fraca. Nessa minha marcha muita gente achou que eu era maluca, e tudo bem por mim! não preciso que todos concordem com o que eu faço, mas rodo a baiana mesmo se não me sentir respeitada por essas escolhas.
Está sendo lindo acompanhar de perto essa virada da maré no sistema obstétrico brasileiro. Mulheres brigando, marchando, escrevendo em defesa do único direito incontestável: ESCOLHA
Que num mundo onde a gente precisa a todo instante gritar para reafirmar nossas decisões (seja elas quais forem) essa marcha sirva como um lembrete que tudo é questão de respeito. 



Em tempo: meus pais estiveram na redenção no domingo e sem querer deram de cara com a marcha em Porto Alegre. Fico feliz de saber que pensaram em mim, que eu iria gostar de ver, e fotografaram. Segue então como meu apoio virtual.




Um comentário: